quinta-feira, 31 de maio de 2007

Heleno de Freitas

por: Marina Toledo e Fabio Gruppi de Freitas

1939. Heleno de Freitas faz seu primeiro jogo pelo Botafogo de Futebol e Regatas. A historia que vêm antes disto não é muito diferente da de inúmeros garotos do interior que buscam em clubes da cidade grande uma chance ao estrelato. Claro, nessa época o futebol era muito diferente do atual, mais amador e com muito menos infra-estrutura, mas a paixão do povo pelo futebol já criava celebridades e uma serie de elementos que vêm agregados a esses mitos sociais.

Quando mudou de sua cidade natal, São João Nepomuceno, para o Rio de Janeiro, ele parece ter encontrado seu terreno. Em Copacabana começou jogando peladas na praia. Onde já causava impressão do que viria pela frente. Em um jogo, após uma jogada, ele começou a brigar com o nada, dando socos no ar. A atitude chamou a atenção de Neném Prancha, amigo e dono do time, que viu um futuro no jogador que apesar de ser esquentadinho, “comia a bola”.

Heleno virou ídolo no Botafogo, jogou pelo Vasco, Boca Juniors, seleção brasileira. A fama, dinheiro e a origem família de classe media, faziam de Heleno um jogador diferente dos outros. Era conhecido como “a elegância do futebol” ou “craque galã”. Formado em direito, sabia falar e freqüentava cassinos com a nata da sociedade. Era bem quisto por todas. E conquistava todos. Menos os que arrumavam confusão com ele. Heleno gerava o ódio de muitos. Ele brigava até com os companheiros de time. Não suportava o erro dos outros.

Em uma de suas brigas mais famosas, Heleno perdeu a chance de voltar a defender a seleção amarela. Flavio Costa, que fora técnico do Botafogo e conviveu algum tempo com a estrela, já não suportava o temperamento de Heleno e não mais o convocou.

Em um jogo amistoso em São João Nepomuceno, sua cidade natal, Heleno deu um soco na cara do adversário com poucos minutos de jogo e fora expulso diante de uma multidão que foi assistir a sua estrela maior jogar.

È esse misto de glamour e decadência que faz de Heleno de Freitas um homem com historia especial. Do que não vi em livros e reportagens houve pouco. Meu pai, Heraldo Filho, conta que quando já fora de si, Heleno o obrigava a sentar-se a sua frente para fingir que jogava gamão com ele enquanto ele mesmo jogava pelos dois.

Para mim, Heleno de Freitas sempre foi um jogador que os bem mais velhos lembravam e que era tio do meu pai. Ano passado, vagando pela internet li uma nota: “O diretor Zé Henrique Fonseca, diretor de “O Homem do Ano” vai dirigir filme biográfico de Heleno de Freitas. Rodrigo Santoro viverá o papel do jogador”. A partir daí também cheguei ao livro escrito por Marcus Eduardo Neves, repórter especial do Jornal dos Esportes: “Nunca Houve Um Homem Como Heleno”.

2007. Faz 48 anos que ele de Freitas morreu. E o garoto de 19 anos fez uma carreira de sucesso. Jogou 18 vezes pela seleção brasileira, fez 14 gols. Teve muitas mulheres, muitos amigos, se formou em direito, arrumou muita briga, ganhou muito dinheiro e muita fama. Terminou em Barbacena, sem mais conseguir viver em sociedade, em um mundo próprio, trancafiado em um sanatório e relembrando as glórias do passado.

Assista a um trecho de um documentário sobre Heleno de Freitas feito pela ESPN Brasil


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