quarta-feira, 6 de junho de 2007

Castor Cartelle


por: Juliana Lima e Natália Vieira


Quatro décadas não foram suficientes para que Castor Cartelle perdesse o sotaque. Mas isso é apenas um charme a mais desse espanhol de fala mansa que veio para o Brasil aos 19 anos e construiu aqui um legado. O paleontólogo, responsável por importantes descobertas, foi idealizador e fundador do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, que conta com atualmente com 70 mil peças.

Sua paixão pela paleontologia não fascinou somente a ele. Um documentário sobre sua vida e descobertas está sendo produzido na França e já se encontra em fase final. O filme de 52 minutos será distribuído em televisões da Europa, Estados Unidos e Canadá. O professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais ainda continua com suas aulas no curso de biologia da PUC, embora considere que ser pesquisador é que dá a ele maior prazer.

Na mesa desorganizada diversos objetos como papéis, canetas, livros e o crânio de um animal. É uma preguiça raríssima, extinta há muitos anos e desconhecida pela comunidade científica. “Eu imagino como ela era e tem vez que não consigo imaginar. Eu construo mentalmente o que tinha e o que não tinha, com quem parecia, do que se alimentava, como andava e onde andava. São perguntas que eu mesmo faço e eu mesmo tento responder de algo que ninguém sabe. Isso é incrível!”, se maravilha.

O pesquisador faz cada vez menos escavações e explica que isso não se deve somente a idade, mas a necessidade de organizar o material descoberto. O jovem senhor faz questão de mostrar sua força e dizer que só pretende se aposentar quando falharem as forças ou a cuca. E brinca: “Se falharem as forças eu vou perceber. Se falhar o cérebro outros vão perceber e delicadamente vão me dizer para botar o pijama”.

Muito da sua disposição pode vir da sua visão diferenciada do trabalho. Para ele as segundas-feiras são dias de diversão. Ele se incomoda de ter que desligar o computador porque é hora de ir para casa e se diz feliz quando precisa ir ao museu aos sábados. “Eu tenho a grande sorte que me pagam para trabalhar. Só que eu não trabalho, eu descanso trabalhando. Isso é impagável!”, avalia.

Mesmo com essa disposição para a paleontologia ainda sobra tempo para os outros projetos. Cartelle escreve livros infantis. O primeiro Os mamíferos do pleistoceno foi patrocinado pela Acesita e ele pretende reformulá-lo em breve. Sua segunda publicação Os meninos da planície foi adotado por várias escolas e está prestes a virar um filme de animação. O projeto está na fase de captação de recursos. Sua terceira e última obra, considerada por ele a melhor de todas, está sendo avaliada pelas editoras.

Esse homem de realizações tem sonhos bastante comuns, mas com propósitos diferenciados. Para fazer tudo o que quer ele calcula que teria que ganhar sozinho na loteria umas três vezes. Dentre seus projetos está um museu de arte popular de imagens barrocas do século XIX , uma publicação sobre os vertebrados de Minas Gerais e um projeto social que ele prefere não definir. Outro desejo não realizado é um filho. “Nós tentamos adotar um,umas duas ou três vezes, mas até hoje não quiseram. Vamos ver ou que Deus nos mande um”, confia.

7 Comentários:

Blogger Thiago Nogueira disse...

Faltou dizer que ele almoça todo dia no A Granel lendo o Estado de Minas!!

11 de junho de 2007 às 18:59  
Blogger Grace disse...

Posso dizer que sou uma pessoa de sorte... Pois fui aluna dessa pessoa maravilhosa,inteligente e querida. Fico muito feliz por encontrar o senhor Cástor Cartelle, mesmo que seja aqui na net. Fui ao Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, mas não tive o prazer de reve-lo... Neste dia ele não estava lá.
Parabéns pelo trabalho maravilhoso que ele realiza.
Tudo de bom!!!
Grace/Belo Horizonte/MG

27 de janeiro de 2008 às 15:16  
Blogger Ana Luíza disse...

Sorte?! A concerteza! tenho aula com esssa figurassa três vezes na semana! Esqueceram de dizer do filhotinho dele, que ele fala TODA hora!! rs,rs!!
Esse homem não ensina apenas Paleontologia, ensina também cidadania!
Ana Luíza- Ciências Biologicas PUC MG

29 de maio de 2009 às 16:42  
Blogger marceLoures disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

21 de outubro de 2009 às 05:28  
Blogger marceLoures disse...

A maioria é de meros professores, sejam bons ou ruins, mas sem grande vocação pra coisa, pois educação vai (ou deveria ir) muito além do beabá. O Cartelle é um dos raros mestres que tive o privilégio de conhecer.

--Marcelo Loures de Oliveira, ex-aluno orientado Ciências Biológicas, UFMG

21 de outubro de 2009 às 07:33  
Blogger Unknown disse...

o que é seu e-mail

18 de fevereiro de 2010 às 14:24  
Blogger Coe disse...

alguem tem o contato mais recente do Castor? Pode me enviar? Obrigada

1 de outubro de 2012 às 09:02  

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