quarta-feira, 6 de junho de 2007

O grande precursor da gravação musical profissional mineira

por: Flavia Brandão e Mariana Renan

Um muro coberto de heras, na rua Afonso Alves Branco, 167, bairro Serra, em Belo Horizonte, esconde um lugar cheio de histórias para contar . Quem por alí transita nem imagina que por trás daquela aparente casa, se esconde o primeiro estúdio de gravação profissional de Minas Gerias: o “Bemol Studio”. Completando 40 anos de sua existência, o Bemol mantém sua chama acesa graças a seu idealizador, o engenheiro de som Dirceu Jorge Cheid. Com setenta anos de idade, o “Sr Dirceu”, pode ser considerado o grande precursor da gravação musical da capital.

Nascido em Belo Horizonte, Cheid sempre esteve ligado ao ramo da música. Antes mesmo de abrir a Bemol, já trabalhava com gravações, indo semanalmente a São Paulo e alugando um estúdio, a Gravodisc. Com a companhia do sócio, Célio Gonzaga, Dirceu viajava com seu fusca, enfrentando riscos, sem contar o cansaço e a saudade da família. Ele conta que construir um estúdio em BH, foi mais do que uma vontade foi uma necessidade. Recém-casado, com dois filhos, ele não viu outra solução.

Inicialmente, Cheid afirma que encontraram empecilhos. Mas isso não os fez parar. Ele e seu sócio procuraram suporte técnico e, em 66, conheceram o engenheiro Sérgio Lara Campos, que os orientou na compra do equipamento e no projeto de instalação acústica da Bemol.

Com os investimentos, o estúdio acabou se tornando uma gravadora de referência e descentralizando a gravação musical além do eixo Rio-São Paulo. “Como havia pouco estúdio no país, isso obrigava o músico, que não se residia em Minas a se locomover até Rio e São Paulo. E nos naquela ânsia de nos tornar uma grande gravadora começamos a investir e chegamos a gravar todo mundo que estava em atividade naquele momento”, afirma Dirceu.

Pela Bemol já passaram grandes nomes da música brasileira como: Milton Nascimento, Clara Nunes , Chico César, Trio Amaranto, Tavinho Moura, Patu Fú , entre outros. Até mesmo o presidente Juscelino Kubitschek , já deixou o registro de sua voz na abertura de um LP gravado na Bemol. “ Logo no primeiro ano de atividade do estúdio em 67 , nos conseguimos trazer o presidente Juscelino Kubitschek. Ele sabendo da gravação do disco “Diamantina em Serenata”, logo se prontificou em fazer a abertura e redigiu um pequeno texto de improviso. O disco teve uma repercussão nacional, porque naquela época, mais do que hoje o JK era um grande ídolo”, conta Cheid.

Além de memórias a Bemol guarda raridades como os microfones valvulados ELA M251. Fabricado em 1958 esse microfone, é conhecido por ter sido usado por lendas da música como Frank Sinatra . Tida como uma “joia rara”, senhor Dirceu conta que é comum nas gravações que são feitas na Bemol e finalizadas em São Paulo os técnicos de som se assustarem com a qualidade de voz. “A Fernandinha Takai do Patu Fú , no coquetel de lançamento no Rio , nos contou que o Caetano Veloso chegou e perguntou “ que voz é essa ? O que vocês arrumaram?” E a culpa realmente é dessa jóia rara aqui”, conta Dirceu apontando para o microfone.

Hoje, Sr.Dirceu se orgulha do patrimônio que conserva, e afirma que a Bemol se tornou uma grande família, pois seus sócios são seus filhos: Lincoln Cheib, que também é músico baterista e Ricardo Cheib, que é técnico do estúdio.

3 Comentários:

Blogger All Blog Spots disse...

nice blog

8 de junho de 2007 às 22:12  
Blogger All Blog Spots disse...

nice blog

8 de junho de 2007 às 22:12  
Blogger Unknown disse...

Em Belo Horizonte, temos muitas opções de estúdio, mas poucos conseguem oferecer a qualidade que desejamos. Depois de rodar muito pela cidade, destaco três estúdios confiáveis:
1) Studio 108
2) Sheffield Studio
3) Bemol

16 de julho de 2007 às 14:58  

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